Pouco conhecido pelos profissionais da saúde e da educação, o Distúrbio Específico de Linguagem (DEL) é um quadro de alta prevalência na primeira infância, causando dificuldades no desenvolvimento linguístico que podem trazer consequências persistentes por toda a vida. De acordo com a Dra. Noemi Takiuchi, professora adjunta do curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, o indivíduo com DEL tem todas as condições para desenvolver a linguagem e, mesmo assim, não evolui, nesse aspecto, no mesmo padrão em que se desenvolve nas outras áreas.
“Para diagnosticar o distúrbio é utilizado um critério de exclusão de outros quadros, como deficiência auditiva e intelectual e autismo. A criança com DEL tem um desempenho em comunicação abaixo do esperado para sua idade. Ela brinca e interage, mas a linguagem não acompanha essa evolução” diz a professora.
A origem desse distúrbio é genética, mas ainda não foi possível associar um gene específico determinante do DEL, além disso, aspectos ambientais podem potencializar as dificuldades.
É comum que os profissionais não encaminhem crianças com dificuldades no desenvolvimento de linguagem, na ausência de outros comprometimentos, considerando que se trata de uma variação normal, um atraso sem maiores consequências. Segundo a especialista, é possível que haja variação no desenvolvimento da linguagem das crianças, mas, em geral, as primeiras palavras já são observadas a partir de um ano de idade.
“Os pais devem ficar atentos se a criança não se comunica predominantemente por palavras ou demora a organizá-las em frases após os dois anos de idade. Se o atraso na aprendizagem da linguagem permanecer, é importante a avaliação de um fonoaudiólogo”, afirma.
Com o auxílio da terapia fonoaudiológica, é possível melhorar o desempenho no processo de comunicação por meio do desenvolvimento de habilidades. “É comum que algumas dificuldades permaneçam, pois é um distúrbio na organização da arquitetura cerebral para o processamento de informações linguísticas. Contudo, trabalhamos para que elas sejam minimizadas, melhorando as condições para a aprendizagem da linguagem e, assim, a criança pode atingir um aprendizado satisfatório”, explica a Dra. Noemi.
A professora reforça que caso o indivíduo não tenha um acompanhamento adequado, poderá apresentar problemas em toda a trajetória escolar, uma vez que a linguagem perpassa todas as disciplinas. O DEL também pode afetar o aprendizado da leitura e escrita, além de interferir na interação social. “Em alguns casos, pode-se identificar adolescentes com depressão, sofrendo bullying ou com distúrbios de comportamento”, destaca.
Fonte: Criando Crianças